A discriminação no mercado de trabalho, que leva as mulheres a ganharem salários menores na comparação com os homens, faz com que as famílias chefiadas por elas, sobretudo as negras, sejam mais dependentes de filhos, parentes, programas de transferência de renda e doações para garantir a sobrevivência do lar. Segundo pesquisa divulgada ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), as chefes de família negras representam 57,3% da renda familiar, contra 65,5% das chefes brancas e 66,8% dos homens brancos.
Para complementar o orçamento familiar, os filhos de chefes negras contribuem com 23,1%, recursos que vêm desde programas como Bolsa Família ao trabalho infantil, além de doações e de ajuda de terceiros. No caso das mulheres brancas, esse percentual cai para 17,3% e no dos homens brancos, a 11,2%.
O trabalho mostra também que 67,9% dos rendimentos nos domicílios chefiados por homens brancos vêm do trabalho e apenas 11,6% de aposentadorias e pensões. Já entre as chefes de família brancas, a contribuição dos idosos sobe para 23,4% e entre as negras, para 24%.
— Parte significativa da renda das famílias lideradas por mulheres vêm de doações e políticas públicas — disse a diretora do escritório da OIT no Brasil, Lais Abramo, acrescentando que a discriminação de gênero e raça tem peso forte na desigualdade social no Brasil.
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