segunda-feira, 2 de abril de 2012

O MOVIMENTO FEMINISTA NO BRASIL: DINÂMICA DE UMA INTERVENÇÃO POLÍTICA


Ana Alice Alcântara Costa (*)
[...] acreditamos que esse movimento deve ser autônomo porque temos a
certeza de que nenhuma forma de opressão poderá ser superada até que
aqueles diretamente interessados em superá-la assumam essa luta” (COSTA;
PINHEIRO, 1981 ).
O movimento feminista brasileiro, enquanto“novo” movimento social, extrapolou os limites do seu status e do próprio conceito. Foi mais além da demanda e da pressão política na defesa de seus interesses específicos. Entrou no Estado, interagiu com ele e ao mesmo tempo conseguiu permanecer como movimento autônomo. Através dos espaços aí conquistados (conselhos, secretarias, coordenadorias, ministérios etc.) elaborou e executou políticas. No espaço do movimento, reivindica, propõe, pressiona, monitora a atuação do Estado, não só com vistas a garantir o atendimento de suas demandas, mas acompanhar a forma como estão sendo atendidas.
O resultado da I Conferência Nacional de Políticas para Mulheres é a demonstração da força, da capacidade de mobilização e articulação de novas alianças em torno de propostas transformadoras, não só da condição feminina, mas de toda a sociedade brasileira.
Até chegar aí foi um longo e muitas vezes, tortuoso caminho de mudanças, dilemas, enfrentamentos, ajustes, derrotas e também vitórias. O feminismo enfrentou o autoritarismo da ditadura militar construindo novos espaços públicos democráticos, ao mesmo tempo em que se rebelava contra o autoritarismo patriarcal presente na família, na escola, nos espaços de trabalho, e também no Estado.
Descobriu que não era impossível manter a autonomia ideológica e organizativa e interagir com os partidos políticos, com os sindicatos, com outros movimentos sociais, com o Estado e até mesmo com organismos supranacionais. Rompeu fronteiras, criando, em especial, novos espaços de interlocução e atuação, possibilitando o florescer de novas práticas, novas iniciativas e identidades feministas. Mas esse não é o ponto final do movimento, a cada vitória surgem novas demandas e novos enfrentamentos. O feminismo está longe de ser um consenso na sociedade brasileira, a implantação de políticas especiais para mulheres enfrenta ainda hoje resistências culturais e políticas.
Fonte: Coleção Educação para Todos - Volume 10 - Olhares feminino - MEC/ONU. http://portal.mec.gov.br/index.phpoption=com_content&view=article&id=12814&Itemid=872
Postagem: Neise Alves de A. C. da Silva
                     Soraia Bertonceli

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