Apesar das dificuldades e barreiras encontradas para se inserir em diversos núcleos sociais, o povo de santo, mesmo que a passos lentos, vem conquistando seu espaço. Na Bahia a comunidade negra tem mais um motivo para comemorar nesse Ano Internacional dos Afrodescendentes, isso porque, em março o jornal baiano A TARDE iniciou a publicar artigos assinados pela ialorixá baiana do Ilê Axé OpÔ Afonjá, Mãe Stella de Oxóssi. A cada 15 dias, sempre às quartas-feiras, as páginas de Opinião do jornal A TARDE, o mais influente jornal do Norte-Nordeste, ficarão "enegrecidas". Segundo a jornalista Clediana Ramos, repórter do próprio jornal, "é a primeira vez, desde a fundação do jornal, em 1912, que uma ocupante do mais alto posto da hierarquia do candomblé se torna articulista de forma regular no periódico". Graças à iniciativa, o jornal A Tarde vem se tornando um exemplo de valorização da diversidade étnico-racial no jornalismo brasileiro. Este veículo sempre dispensou um espaço para os assuntos relacionados ao candomblé e a comunidade negra, hoje mantém um blog dedicado a estes assuntos, além dos Cadernos da Consciência Negra que são publicados todos os anos, desde 2005, no Dia Nacional da Consciência Negra, cadernos estes que garantiram ao jornal, em 2010, o prêmio BNB de Jornalismo. MERITO - Maria Stella de Azevedo Santos, a Mãe Stella, foi iniciada por Mãe Senhora em 1939 e tomou posse como Iyalorixá do Ilê Axé Opó Afonjá por morte de Mãe Ondina de Oxalá desde 1976. Este templo foi amplamente reconhecido graças a sua evolução e consolidação como um dos mais importantes instrumentos de preservação da influência africana. Hoje o terreiro faz um trabalho social com a comunidade do bairro onde está localizado, mantém ainda um museu de tradição religiosa e uma biblioteca e promove encontros e seminários para a discussão do pluralismo e diversidade religiosa e cultural da Bahia, desenvolve ainda o projeto Mobilização Cultural Criança em Risco, na comunidade Afonjá. A Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos que funciona dentro do terreiro foi incorporada, em 1992, ao sistema de ensino de Salvador atendendo a crianças de 6 a 14 anos da 1ª a 4ª série. O grande diferencial dessa escola é que, mesmo antes da concepção da lei 10.639/03 que estabelece a obrigatoriedade do ensino de história da África e da cultura afro-brasileira, esta unidade de ensino já assim fazia. A escola contempla em seu projeto pedagógico processos referenciais da cultura afro-brasileira, porém há crianças de outras religiões que seguem o conteúdo regular do Ensino Fundamental. Formada em Enfermagem com especialização em Saúde Pública pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Mãe Stella é autora de cinco livros, dentre eles: E Daí Aconteceu o Encanto (1988), escrito em parceria com a escritora Cléo Martins; Meu Tempo é Agora (1993); Òsósi – O Caçador de Alegrias (2006), Owé – Provérbios (2007) e Epé Laiyé- terra viva (2009), voltado para o público infanto-juvenil. Mãe Stella tem também o título de Doutora Honoris Causa pela UFBA e UNEB, foi condecorada com a comenda Maria Quitéria (Prefeitura do Salvador), a Ordem do Cavaleiro do Governo da Bahia e a comenda do Ministério da Cultura.
Redatora: Claudiana Sansil
Fonte: www.negrosdobrasil.com.br
Fonte: www.negrosdobrasil.com.br
Postado por: Leandro Favaris Reis
Nenhum comentário:
Postar um comentário